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Perco-me entre textos, poesias e músicas, percebi então que a melhor forma de arquivar era dividir. Nesses anos, muito do que não se perdeu foi graças a quem acompanha meu trabalho. Assim, na imensidão virtual deixo essas pegadas, parecem dois únicos pés, mas acreditem, carrego muito de vocês aqui.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Como está seu 'timing'?


O vídeo é de humor, mas o papo é sério, afinal todos conhecem alguém sem o 'feeling' para decisões. Aliás, por muitas vezes nós mesmos nos perdemos em meio as perturbações de uma vida cheia de cobranças. Não é de hoje que, por exemplo, vejo pessoas apaixonadas sofrendo, seja pela relação ter se tornado um peso ou presos ao sofrimento do que  insistimos em tentar resgatar.

Vaso quebrado não se conserta e se fingimos fazê-lo ainda assim sabemos que já não é o mesmo vaso. O timing para as relações é o limitar dos pesadelos, uma forma de vivenciar as dores, mas ao mesmo tempo saber que as tormentas passam. Aceitar a vida em ciclos é abrir as portas para o Ouroboros da existência: - Sabem aquele 8 invertido que tantas pessoas usam e tatuam? Pois é, ele surge do Ouroboros, a serpente que engole o próprio rabo, o eterno retorno. Tudo se finda para o tudo recomeçar

Temos essa mania de demonizar uma pessoa quando saímos da relação, mas se ela é assim tão ruim como passamos tantos bons momentos com ela? Ora, eis nossa mais lamentável defesa, precisar matar alguém dentro de nós a fim de suportarmos qualquer falta que essa nos cause. Lamentável, pois esse ato é quase um suicídio emocional, é esse tipo de atitude que constrói as paredes e condena uma próxima relação que poderia nos agregar tanto.

O passado é lembrança, lembranças são a base de nossas escolhas. Quando tentamos matar alguém que fez parte de nossas vidas matamos uma parte nossa, e esse ataque começa justamente quando perdemos o timing do fim. Lá no fundo sabemos se o momento é de seguir em frente, não o fazemos justamente por essa ilusão da eternidade, de que tudo deve durar para sempre e assim nós também duraremos.

A eternidade cabe sim em todos nós, mas ela está em momentos. O sofrimento repousa nessa necessidade de nadarmos contra o rio achando que o impediremos de correr. Insistir no que ao fundo sabemos ser hora de deixar partir é ferir-se cegamente. Pois se na existência flutuamos nos cercamos de possibilidades, olhos se tornam o coração, logo, se o preenchermos de mágoas por onde as coisas boas entrarão?

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