Nunca evitei um assunto pelo medo da polémica que este poderia gerar, também, nunca escrevi um texto pensando em polemizar. Os resultados desse equilíbrio eu encaro com satisfação e até um pouco de surpresa: Jamais fui ofendido ou taxado seja pessoalmente, por e-mail ou nas ligações que recebo relativas aos assuntos os quais abordo.
Pode-se dizer que somos moldados a partir de nossos
convívios. É aquele amor materno que nos livra do ódio, as risadas com os
amigos que nos dizem que ainda vale a pena viver, o cidadão bêbado no balcão a
nos mostrar o quanto podemos ser chatos. Através dos exemplos controlamos os
estremos. Desde modo, a cada texto que exponho meu ponto de vista sobre a sociedade,
nossa política e religião, acabo por reforçar a ideia de que ainda há muita
gente disposta a encarar opiniões como a base de fortalecimento que possibilita
crescermos.
Outro fator interessante - e essa sim é uma mania minha - é
o apaziguar de meus textos geralmente nos dois últimos parágrafos, uso deste
artifício para saber se estou sendo lido até o final. Concluo então que essa
leitura por inteiro ocorre justamente pelas pessoas não se posicionarem
fervorosamente contra minhas opiniões, algo que vejo ocorrer muito com outras
pessoas.
Minha abordagem nesse texto seria sobre os extremistas que
‘em nome da fé’ saíram metralhando pessoas em Paris, porém, acabei mudando esse
foco justamente enquanto pensava sobre o meio o qual vivo, meio este que me permite
a flexibilidade de opinião, um meio onde os poucos extremistas que conheci já
nem sei por onde andam.
Resumidamente, sobre o assunto relativo aos terroristas,
digo-lhes: Não confundam religião com religiosidade. A religião é algo herdado,
algo transpassado pelo meio em que vivemos. Nenhum de nós nasce ateu, crente,
católico, islâmico, aprendemos a ser através de um mundo mais material do que
espiritual. Já a religiosidade é o contrário, ela nasce com todos nós e quando
potencializada é capaz de reconstruir o ser humano voltado para o amor
independente da situação a qual se encontre o seu meio.
Eis outro conceito importante para pensarmos. Por muito estamos confundindo a palavra evolução. Já não precisamos nos reunir em volta da fogueira para cozinhar e nos protegermos de animais maiores, porém, não podemos definir facilidades tecnológicas e organizacionais como evolução. Termos uma política como base ou mesmo qualquer tipo de crença não nos torna evoluídos, pois a qualquer momento podemos nos virar uns contra os outros. Não vejo uma real evolução no ser humano dos últimos dez mil anos, e refiro-me a evolução consistente da forma como tratamos o outro. Somos sim, regidos por um conjunto de leis que se abandonadas nos levariam aos primórdios. Não há nada de evolutivo nisso se não a mera imposição.
Eis outro conceito importante para pensarmos. Por muito estamos confundindo a palavra evolução. Já não precisamos nos reunir em volta da fogueira para cozinhar e nos protegermos de animais maiores, porém, não podemos definir facilidades tecnológicas e organizacionais como evolução. Termos uma política como base ou mesmo qualquer tipo de crença não nos torna evoluídos, pois a qualquer momento podemos nos virar uns contra os outros. Não vejo uma real evolução no ser humano dos últimos dez mil anos, e refiro-me a evolução consistente da forma como tratamos o outro. Somos sim, regidos por um conjunto de leis que se abandonadas nos levariam aos primórdios. Não há nada de evolutivo nisso se não a mera imposição.
Voltando ao assunto sobre os que acompanham meus textos
quero dizer: Jamais me foi sequer recomendado pelo Serra-Nossa uma abordagem
específica sobre um tema, e essa é a parte mais saudável neste espaço que tenho
desde o início do jornal. O não compromisso de tema fez de mim - o colunista -
ao mesmo tempo criador e criatura, “Humano, Demasiadamente humano”,
parafraseando Nietzsche. Eu sou a todo o momento influenciado pelo convívio com
vocês.
Assim se inicia outro ano, ao que desejo para os textos que
nascerem especificamente a este espaço? Que sejam lidos até o final, perdoados
nas diferenças e acima de tudo que façam alguma diferença. Que saibamos crescer
ao que parece ser o único paliativo para a doença do extremismo que cerca a
humanidade; que saibamos absorver e dialogar com os pingos que nos restam de
sobriedade.