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Perco-me entre textos, poesias e músicas, percebi então que a melhor forma de arquivar era dividir. Nesses anos, muito do que não se perdeu foi graças a quem acompanha meu trabalho. Assim, na imensidão virtual deixo essas pegadas, parecem dois únicos pés, mas acreditem, carrego muito de vocês aqui.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O crime compensa

Quanto vale uma vida? Para a maioria dos que governam nosso país, não deve valer nada. É fácil se esconder atrás da palavra burocracia quando o assunto diz respeito aos descasos para com cidadãos de bem que pagam seus impostos, educam seus filhos, respeitam e se sacrificam para cumprir as leis – mesmo as mais absurdas. “Não depende só de nós” dizem aqueles que se elegeram prometendo soluções.
Sempre que estou na estrada, lembro-me de amigos e conhecidos que morreram por culpa desses que governam. Bastaria uma lombada, uma faixa de segurança, a sinalização bem feita e lá uma vida teria sido preservada. Sim, que fosse uma única vida, ainda assim não teria valido a pena?
Os bons estão sendo punidos neste país. Vemos esses malditos proporem leis que isentam criminosos de pagarem transporte público, vemos dinheiro sendo dado a pessoas que roubaram e mataram. Detentos não podem trabalhar, pois são protegidos pelo sistema. Nesta semana mesmo tentei apurar o número de foragidos em Bento Gonçalves e a resposta me foi negada. Suspeito que sejam mais de mil criminosos com mandados de prisão abertos e que estão livres entre nós.
Há empresas fechando por conta de dívidas mínimas para com o Estado, famílias perdendo o sustento por conta da mão de ferro com que o governo trata os empresários de bem que lutam para manterem funcionando o legado de suas famílias. Já deixou de ser somente revoltante para se tornar uma bomba-relógio.
Ninguém que tenha uma mínima instrução ainda acredita neste país. Todo investimento que deveria ter sido feito duas décadas atrás não aconteceu. Ao olharmos para o presente, vemos uma situação não somente caótica, mas também imutável. A cada geração vemos menos pessoas capazes de fazer alguma real diferença.
É indescritível a sensação de abandono pela qual o povo passa. As ditas cidades ricas e bem desenvolvidas da Serra veem ano após ano o afundar de qualquer espírito de comunidade que um dia existiu por aqui. Cercas cada vez mais altas, buracos cada vez mais profundos, onde deveria existir a segurança pública abriram malocas e pontos para venda de droga. A qualidade de vida está horrível, ninguém mais se arrisca a ir a praças, estabelecimentos operam apenas com seguranças armados.
Fragilizaram a população e soltaram os bandidos. Os altos impostos servem apenas para sustentar a escória. A mensagem é clara: estamos sozinhos. Fomos abandonados e somos massacrados todos os dias. Os números, os fatos e o nosso sentimento não mentem: vivemos na latrina do mundo, sendo presididos por uma ignorante que não merece nenhum respeito e representados pelas piores espécies de seres humanos.
Deixam-nos morrer nas estradas. Matam o futuro do país nas escolas e, enquanto vivemos na insegurança, os prefeitos, vereadores, deputados e senadores blindam seus carros e constroem suas casas em condomínios fechados.
Não há mais lei que proteja as pessoas de bem, nem leis que amenizem a dor dos que já perderam alguém para o descaso desses bandidos bem vestidos.
No Brasil, o crime compensa.